A vida de Dante Alighieri além dos livros

Tarso Firace redescobriu o autor de “A Divina Comédia”, um dos mais importantes poemas da literatura universal, quando verteu para o português o título “A Questão da Água e da Terra”, também de Dante Alighieri. Para fazer o trabalho em 2011, ele diz ter relido toda a obra do escritor, o que, por sua vez, o aproximou de outras nuances do poeta italiano. Será centrado nesse ponto de vista o bate-papo com o filósofo e escritor, nesta terça à noite, na Academia Mineira de Letras.

 

Ele participa do evento “Conversas na Academia”, ciclo de encontros que dialogam com a mostra “Dalí – A Divina Comédia”. Esta reúne uma série de ilustrações de Salvador Dalí inspiradas na obra de Dante e que está exposta no mesmo local até o dia 17 de agosto.

 

Uma das questões a ser abordada por Firace é o projeto pessoal que motivou Dante a produzir a sua criação mais conhecida. De acordo com ele, o poeta se viu, num primeiro momento, estimulado a digerir e externar os seus próprios medos e tormentos.

 

“Ele escreveu ‘A Divina Comédia’ como uma obra terapêutica. Em alguns textos que deixou, a escrita do livro está relacionada ao ato de se curar. O que nos leva a entender que Dante colocou para fora todo o seu próprio inferno e purgatório, enquanto relata o seu percurso por aquelas paisagens, para acessar um nível de consciência que ele talvez entendesse como o seu paraíso interior”, explica Tarso Firace.

 

Ele acrescenta que, ao terminar o projeto literário, Dante chegou a afirmar que a obra não tinha importância para publicação. Talvez num ato de modéstia, pois o livro não só se tornou um grande clássico, mas inovou ao circular no idioma vulgar falado, por exemplo, pelos mercadores, e não em latim como previa a norma culta.

 

“É interessante que ao mesmo tempo em que Dante expõe essa intenção de produzir algo com um potencial terapêutico, ou seja, marcado por uma busca sua, ele utiliza o ‘vulgare’, formatando essa língua falada pelo povo por meio de sua poesia. Ele foi o primeiro escritor a fazer isso, o que revela a sua importância não apenas para a área da literatura, mas para a linguística”, conclui.

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Tarso Firace

Escrever é sair do idioma aprendido para chegar no idioma natural, que nós nascemos.

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